Ser casado com uma Nutricionista de sucesso (é assim que vislumbro a carreira da minha esposa e companheira de jornada) nos possibilita aprendizados interessantíssimos sobre a relação cérebro x comida. Aprendi recentemente que estamos passando por um processo de “adaptação alimentar”, onde a fome homeostática (aquela associada à falta de energia e fisiológica) não controla mais sozinha nossas escolhas alimentares, sendo essas escolhas acompanhadas também pelos mecanismos de fome hedônica (de uma maneira bem simplista, também conhecida como “fome emocional”), o que evidencia que o ser humano desenvolveu uma relação com a comida que vai muito além de “matar a fome”. Digamos que com a modernidade a comida passou a chegar primeiro ao cérebro do que ao estômago.
Do ponto de vista fisiológico (fome homeostática), o hipotálamo (região do cérebro) é responsável, dentre outras coisas, por coordenar o tempo todo as ações que nos mantêm vivos e uma das formas é mandando mensagens para corpo para que ele recupere a energia que perdeu.
Do ponto de vista emocional (fome hedônica), o cérebro possui uma região denominada “circuito cerebral hedônico”, o qual é composto por três centros que trabalham em rede ativando neurotransmissores responsáveis pelo controle da sensação de prazer. Esses centros de prazer são responsáveis por três comportamentos distintos, embora interligados: Gostar[1]; Querer[2] e Aprender[3], e a disfuncionalidade desses comportamentos é que potencializa o que hoje conhecemos como Transtorno de Compulsão Alimentar[4].
Atualmente pode-se dizer que os Transtornos Alimentares fazem parte de uma verdadeira “epidemia” que assola adolescentes, adultos e jovens. Após cada episódio de compulsão, a pessoa se sente profundamente culpada na maioria das vezes, pois repudia o próprio comportamento.
Neste contexto, a boa noticia é que os estudos recentes das Neurociências nos possibilitam um maior entendimento sobre todos os fenômenos relatados acima e por meio da Terapia de Reintegração Implícita é possível promover a reeducação emocional das eventuais associações que estão lhe trazendo sofrimento e impedindo você de avançar.
Welinton Benga
Terapeuta de Reintegração Implícita
Notas:
1. A sensação de gostar está localizado primordialmente em uma região do cérebro chamada Núcleo Accumbens. Temos também que considerar que quando experimentamos a sensação de gostar, algumas regiões do córtex cerebral como por exemplo o córtex orbitofrontal são ativadas
2. O comportamento de querer está apoiado principalmente na ativação do neuro-hormônio dopamina, no sistema límbico. E se manifesta através de um pensamento automático, involuntário e repetitivo.
3. Quando falamos de aprender estamos nos referindo a construção de memorias. Neste contexto a relação memoria x comida x afeto ampliam o sentimento de prazer proporcionado ao cérebro, fazendo que o mesmo se acostume a esse novo padrão. Para o cérebro, aquele alimento resolveu um estado emocional (o ‘gatilho’), e com isso, a dopamina é liberada, o que acaba reforçando aquele comportamento e entrando num círculo vicioso.
4. Dá-se a denominação de transtorno alimentar à pessoa que apresenta perturbações em seu comportamento alimentar, podendo levá-la ao emagrecimento extremo (anorexia) ou à obesidade. Duas síndromes importantes e bem definidas são descritas: anorexia nervosa e bulimia nervosa. Nestes transtornos os pacientes desenvolvem um relacionamento mórbido com os alimentos, sendo capazes de ficar dias sem comer (anorexia), ou de ingerirem uma grande quantidade de alimento em uma mesma refeição, provocando o vômito em seguida.
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